As Sanguessugas, são úmidas, gosmentas e ao longo da história foram temidas, odiadas e amadas pela humanidade. Mas não importa o quanto avancemos tecnologicamente, ainda não surgiu nada para substituir o seu uso. Sanguessugas são animais hermafroditas com 32 cérebros, nove pares de testículos e uma mandíbula com três filas de cem dentes cada uma. E sempre foram e são essenciais para a medicina.
A laboratório, que cria dezenas de milhares desses anelídeos, parecidos com lesmas escuras, para uso em hospitais em várias partes do mundo. Os animais são deixados sem alimento entre seis e nove meses, para estarem famintos na hora de “trabalhar” – em outras palavras, sugar o sangue de um paciente. Esse é o seu papel como ferramenta fundamental na cirurgia reconstrutiva contemporânea.
Sanguessugas e Humanidade
A fama das sanguessugas vem de tempos remotos. Os babilônios se referiam às sanguessugas como filhas da deusa da medicina, mas também eram consideradas criaturas perigosas capazes de drenar o sangue de qualquer um. “Nesta cultura ancestral, as sanguessugas representavam tanto uma ameaça à saúde como uma ferramenta de cura. Essa visão permaneceu ao longo dos tempos, à medida que as criaturas eram usadas pelos egípcios, gregos e romanos, e por povos na China, na Índia e na Europa Ocidental, até os dias de hoje.
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Houve até um tempo em que os anelídeos eram muito caros, pois representavam a solução para qualquer mal-estar. Os médicos acreditavam na teoria dos quatro “humores”: que determinados estados da mente eram causados por excesso de sangue no corpo – sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra. Assim, para restaurar o equilíbrio do corpo e virtualmente curar qualquer doença, às vezes era preciso drenar parte do sangue do paciente.
Sanguessuga de aluguel
No século 19 a popularidade desses animais alcançou o apogeu. Entre 1825 e 1850 as sanguessugas eram usadas para praticamente tudo. Você podia até ir a uma farmácia e alugar uma sanguessuga. Hoje sabemos que ela pode ser usada em apenas um paciente, pois do contrário seria como usar uma seringa suja. Mas no passado não era assim: as pessoas iam a farmácias, pagavam uma boa quantidade de dinheiro e levavam um desses animais para uso no conforto do lar.
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A sanguessuga deveria ser usada com cuidado, e se fosse colocada perto de algum orifício (como nariz e ouvidos) poderia entrar no corpo e causar problemas. “Para evitar que entrassem no corpo, cirurgiões costumavam costurar um fio no animal. A técnica também era usada em caso de dor de dente ou infecção de ouvido. No auge da revolução industrial britânica, durante a chamada era vitoriana, estima-se que 42 milhões de sanguessugas tenham sido usadas em tratamentos médicos. Era um mercado estimado em US$ 1,5 bilhão por ano, aos preços do século 19. A técnica também era usada em caso de dor de dente ou infecção de ouvido.
Uso contemporâneo
A prática caiu em desuso no começo do século passado por diversos fatores. As sanguessugas chegaram à beira da extinção, os benefícios médicos do seu uso foram questionados e a Medicina começou a descobrir as verdadeiras causas das doenças. No entanto, mesmo hoje o uso dessas criaturas, embora não tenha comparação com sua época de ouro, pode ser um negócio rentável.
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Em 1985, uma criança de cinco anos, teve uma das orelhas, arrancadas por um cachorro. Como era uma criança pequena, os cirurgiões tiveram dificuldade em recuperar os vasos sanguíneos na região afetada. O responsável pela intervenção havia trabalhado no Vietnã, onde os médicos usavam sanguessugas, e decidiu fazer desse o seu último recurso. Em uma semana ou dez dias usaram umas 2 mil sanguessugas, no final o garoto se salvou.
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